Tem sido uma fase recheada de emoções. Emoções difíceis, dolorosas.
Pela primeira vez na minha vida dei banho à minha avó.
Dou banho a velhinhos diariamente, sem que isso me afecte, não fosse esse o meu trabalho. Dar banho à minha avó foi doloroso, horrível e ternurento ao mesmo tempo. Lembro-me que desde há alguns anos que a temos que ajudar a entrar e sair da banheira mas agora é mais que isso. Agora é necessário ajudá-la a despir-se, a entrar na banheira, lavá-la, limpá-la, pôr-lhe creme, vesti-la. Sentir-lhe as rugas, sentir-lhe o ar a escapar-se, sentir-lhe a vida a apagar-se.
Há anos que a minha avó é uma sobrevivente, há anos que é uma teimosa (e que eu sou igual a ela).
Agora é um ser pequenino em luta constante.
E eu, enfermeira, neta, não sirvo para ajudá-la.
Desculpa avó, desculpa ter-te afastado de mim mas tive que deixar a minha vida fluir nos mesmos caminhos que trilhaste. Mas estarei aqui, o meu coração estará sempre junto ao teu como está desde o meu primeiro fôlego.
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