Retirado do blog Mx3: "Os tentáculos que estrangulam os médicos".
Parece-me que a saúde seria bem melhor e bem mais produtiva se em vez de andarmos a discutir se quem é mais inteligente é o Sr Dr ou as outras classes, nos dedicássemos a fazer aquilo que nos ensinam: tratar e cuidar pessoas. O doente deveria ser o actor principal no seio de uma equipa inter e multidisciplinar mas infelizmente o que se vê é o que o profissional de saúde quer, pode e manda e não o que o doente quer, pode e manda.
E agora em jeito de conclusão: sim só tive um semestre de farmacologia e nesse semestre e durante os meus estágios e a minha vida profissional tive que aprender mais do que queria sobre farmacologia pois não vá o Sr Dr enganar-se na prescrição e se eu administrar quem se fode sou eu. E já agora (só um exemplo) eu no meu cursinho de (só) 4 aninhos aprendi a colher sangue e nunca enquanto aluna colhi sangue a um doente sem pedir autorização, sem explicar que era aluna, sem supervisão de um tutor e se não conseguia à primeira não tentava mais nenhuma vez...
Fico-me por aqui.
3 comentários:
Isso é ridículo. Cada um faz o seu trabalho, ponto final. mania de compararem!
Olá! :)
Penso que não interpretaste bem as minhas palavras. Digo no post que há enfermeiros que sabem mais sobre prescrição do que eu e admito não conhecer o curso de enfermagem qb para ter conhecimento acerca de saberem ou não outros pormenores como efeitos adversos, interacções etc.
Não discuto no post quem é mais ou menos inteligente, aponto exactamente para o facto de cada profissional saber coisas diferentes e nenhum conseguir substituir o outro - e daí ser importante a interacção, como dizes.
Eu como aluna de Medicina também tiro sangue todos os dias, explico quem sou, o que vou fazer e, quando não consigo, peço ajuda em vez de picar o doente n vezes.
Tenho amigos enfermeiros e lido com colegas enfermeiros todos os dias. Penso nunca ter tido uma atitude de superioridade - antes pelo contrário, peço tantas vezes ajuda a quem sabe mais, seja médico ou enfermeiro, que uma enfermeira de um serviço já me apelidou de "sombra".
Se calhar também era mais produtivo não pensar logo o típico "lá está o médico a desvalorizar os enfermeiros" ;) Não é isso que eu faço, não foi isso que escrevi.
De qualquer das formas, parece-me que no básico estamos de acordo: se achas que um semestre de farmacologia foi demasiado, penso que não quererás portanto ser responsável por prescrições.
Mx3 obrigada pelo esclarecimento. Ainda bem que há médicos como tu, que mantêm o doente como a principal prioridade. Devo dizer que são os internos de hoje e de amanhã que poderão fazer a diferença. Eu luto diariamente para poder fazer a diferença e transmitir aos meus alunos em estágio o que importa realmente. E digo mais ainda gosto imenso dos internos do meu serviço, são brilhantes médicos e muito humanos e é um prazer trabalhar com eles diariamente. Não faço intenções de prescrever, adorava ter tido mais que um semestre de farmacologia e alguém decente a leccionar essa disciplina. Mas gostava de poder administrar um paracetamol a um doente com febre pela 10ª vez sem ter que esperar que o médico que está de urgência interna veja os outros 500 doentes que tem para ver, ou sem ter que esperar que lhe passe o amuo porque o acordei às 3h da manhã porque um doente tem febre pela 10ª vez e o colega internista médico assistente do doente continua a fazer questão de não deixar o paracetamol em SOS! Eu sei as indicações, contra-indicações, reacções adversas, biodisponibilidade, farmacocinética... do paracetamol e sei que o doente já está sob AB, já tem as culturas todas colhidas, etc etc etc... E agora pergunto eu o que pode uma enfermeira fazer perante isto? E sim Dra Mx3, há péssimos profissionais em todas as áreas, eu serei certamente péssima em várias mas há algumas em que sei que sou boa. E pela sua descrição até teria todo o gosto em trabalhar consigo.
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