quinta-feira, 7 de junho de 2012

Parece-me que os Srs Drs andam com medo

Retirado do blog Mx3: "Os tentáculos que estrangulam os médicos".

Parece-me que a saúde seria bem melhor e bem mais produtiva se em vez de andarmos a discutir se quem é mais inteligente é o Sr Dr ou as outras classes, nos dedicássemos a fazer aquilo que nos ensinam: tratar e cuidar pessoas. O doente deveria ser o actor principal no seio de uma equipa inter e multidisciplinar mas infelizmente o que se vê é o que o profissional de saúde quer, pode e manda e não o que o doente quer, pode e manda.

E agora em jeito de conclusão: sim só tive um semestre de farmacologia e nesse semestre e durante os meus estágios e a minha vida profissional tive que aprender mais do que queria sobre farmacologia pois não vá o Sr Dr enganar-se na prescrição e se eu administrar quem se fode sou eu. E já agora (só um exemplo) eu no meu cursinho de (só) 4 aninhos aprendi a colher sangue e nunca enquanto aluna colhi sangue a um doente sem pedir autorização, sem explicar que era aluna, sem supervisão de um tutor e se não conseguia à primeira não tentava mais nenhuma vez...
Fico-me por aqui.

3 comentários:

S* disse...

Isso é ridículo. Cada um faz o seu trabalho, ponto final. mania de compararem!

M disse...

Olá! :)
Penso que não interpretaste bem as minhas palavras. Digo no post que há enfermeiros que sabem mais sobre prescrição do que eu e admito não conhecer o curso de enfermagem qb para ter conhecimento acerca de saberem ou não outros pormenores como efeitos adversos, interacções etc.
Não discuto no post quem é mais ou menos inteligente, aponto exactamente para o facto de cada profissional saber coisas diferentes e nenhum conseguir substituir o outro - e daí ser importante a interacção, como dizes.
Eu como aluna de Medicina também tiro sangue todos os dias, explico quem sou, o que vou fazer e, quando não consigo, peço ajuda em vez de picar o doente n vezes.
Tenho amigos enfermeiros e lido com colegas enfermeiros todos os dias. Penso nunca ter tido uma atitude de superioridade - antes pelo contrário, peço tantas vezes ajuda a quem sabe mais, seja médico ou enfermeiro, que uma enfermeira de um serviço já me apelidou de "sombra".

Se calhar também era mais produtivo não pensar logo o típico "lá está o médico a desvalorizar os enfermeiros" ;) Não é isso que eu faço, não foi isso que escrevi.

De qualquer das formas, parece-me que no básico estamos de acordo: se achas que um semestre de farmacologia foi demasiado, penso que não quererás portanto ser responsável por prescrições.

Perfectly Crazy disse...

Mx3 obrigada pelo esclarecimento. Ainda bem que há médicos como tu, que mantêm o doente como a principal prioridade. Devo dizer que são os internos de hoje e de amanhã que poderão fazer a diferença. Eu luto diariamente para poder fazer a diferença e transmitir aos meus alunos em estágio o que importa realmente. E digo mais ainda gosto imenso dos internos do meu serviço, são brilhantes médicos e muito humanos e é um prazer trabalhar com eles diariamente. Não faço intenções de prescrever, adorava ter tido mais que um semestre de farmacologia e alguém decente a leccionar essa disciplina. Mas gostava de poder administrar um paracetamol a um doente com febre pela 10ª vez sem ter que esperar que o médico que está de urgência interna veja os outros 500 doentes que tem para ver, ou sem ter que esperar que lhe passe o amuo porque o acordei às 3h da manhã porque um doente tem febre pela 10ª vez e o colega internista médico assistente do doente continua a fazer questão de não deixar o paracetamol em SOS! Eu sei as indicações, contra-indicações, reacções adversas, biodisponibilidade, farmacocinética... do paracetamol e sei que o doente já está sob AB, já tem as culturas todas colhidas, etc etc etc... E agora pergunto eu o que pode uma enfermeira fazer perante isto? E sim Dra Mx3, há péssimos profissionais em todas as áreas, eu serei certamente péssima em várias mas há algumas em que sei que sou boa. E pela sua descrição até teria todo o gosto em trabalhar consigo.